Pitoresca, essa narrativa só poderia acontecer na minha cidade do coração. Um garoto começou a se travestir e para seduzir a clientela, ficava na avenida vestido de noiva. Eu o conheci quando ele procurou o grupo de teatro do qual eu fazia parte, a Cia. Andajunto de Teatro. Disse-nos que era muito tímido e gostaria muito de usar a encenação para se “soltar”. O grupo o acolheu com grande generosidade, mas ele acabou vindo a dois ou três ensaios, no máximo. Qual não foi a nossa surpresa quando, certa madrugada, voltávamos de uma balada qualquer e encontramos uma noiva fazendo ponto na avenida. Era o local onde transitavam os caminhoneiros que passavam por Rolândia. Pitoresca, aquela mulher vestida de noiva nos deixou curiosos e paramos para conhecê-la. O reconhecimento foi imediato. Gay e com vontade de transformar o próprio corpo, aquele jovem encontrou na prostituição, o único jeito de sobreviver. […]