Adelaide não fazia questão de esconder a origem humilde. Mais do que isso. De vez em quando fazia questão de frisar que tinha nascido no meio da roça e que se fez “por si só”. Conservava características ímpares. Após terminar uma refeição, nunca se intimidou em palitar os dentes. Andar pela rua com os cabelos enrolados em bobes, de longe, não era constrangimento algum. Volta e meia se pegava com as moças modernas e chiques que encontrava na cidade. “Vocês são umas bestas. Umas bestinhas”, dizia. Adelaide já passava dos 30 anos e sonhava com o príncipe encantado. Na verdade, já choramingava em frente ao espelho, sentindo-se velha. “Uma titia. Fiquei pra titia. Ai meu Deus, me livre desse pesadelo”, repetia sempre. ADELAIDE E O AUTO ENGANO Era uma tarde de domingo, ela chupava uma massa na praça da igreja matriz. Um carro novinho em folha, de repente, bate no […]