Fui assistir Aquarius, o filme estrelado por Sônia Braga.
A minha motivação ocorreu muito mais por conta do protesto que o elenco fez no último Festival de Cannes, na França, em maio deste ano.
A película, escrita e dirigida por Kléber Mendonça Filho, o mesmo de O som ao seu redor, tem uma proposta bem interessante, mas poderia ser muito mais curto.
Aquarius é o nome do prédio onde mora Clara, a protagonista do filme. Uma grande construtora compra todos os apartamentos, exceto aquele onde Clara viveu.
O antagonista é vivido por Humberto Carrão. Ele diz à resistente moradora que fará o que puder para construir um novo empreendimento no local. O imóvel fica na Praia da Boa Viagem, um dos pontos mais valorizados de Recife, capital do Pernambuco.
Com as sucessivas negativas de Clara, o destemido construtor passar a infernizar o cotidiano da moradora. O final, obviamente, eu não vou contar.
Embora parta de uma premissa interessante, o embate entre classes sociais antagônicas, o diretor poderia ter contado a mesma história em 90, cem minutos no máximo. Há um excesso de cenas equivocadas – do cocô de um bebê à cenas de sexo explícito – que em nada colaboram para a narrativa.
O mais curioso e hipócrita, para mim, foi o protesto feito no Festival de Cannes. Não que eu concorde com o que está acontecendo no Brasil.
Mas um elenco que se fez prestando serviços à Rede Globo, não me parece ter legitimidade para se dizer de “esquerda”, já que ganha o sustento graças ao maior símbolo do capitalismo brasileiro.
Se não fosse por Gabriela e Dancing Days, Sônia Braga talvez nunca tivesse entrado em Hollywood. Humberto Carrão esteve em várias novelas da emissora carioca. E já é presença garantida em A Lei do Amor, próximo folhetim das 21 horas, escrito por Maria Adelaide do Amaral e Vincent Villari. Menos é mais. Sempre.