Os pensamentos são muitos, difusos, ininterruptos. Você já pensou que esta pode ser a sua hora? Aquele momento em que pode acontecer algo que vai mudar a sua vida de maneira definitiva?
Evidentemente que não tenho a pretensão de possuir quaisquer uma dessas respostas. Porém, o momento em que toda a humanidade está vivendo gera, de fato, muitos questionamentos.
Eu já perdi um tio para o Covid 19. Não éramos tão próximos, mas ouvir os relatos dos meus primos atinge a alma da gente. Na mais dolorida das horas, tudo lhes foi negado.
Por já ter perdido os meus pais, entendo a importância do velório para que a vivência do luto seja mais tênue. Ora, quem sabe até, mais rápida, embora cada um de nós tenha processos muito diferentes, além de individuais, claro.
E se você tivesse uma última chance, quais seriam as suas últimas realizações?
No filme Voo United 93 – baseado nos atentados terroristas de 11 de setembro de 2001 – ao perceberem que o avião cairia, a última atitude de grande parte dos passageiros foi telefonar para quem achavam importante e dizer que os amavam.
Dias atrás um amigo perguntou se eu tinha alguma pendência afetiva com alguém. Felizmente, não. Não tenho mágoas guardadas, afetos não compartilhados, não preciso pedir perdão a ninguém. Sempre pautei minha vida pela honestidade sentimental.
Não gosto da conjunção “se”. Acho que ela nos imobiliza. Funciona quase como uma âncora que não nos deixa seguir. Mas nesta hora, mais que em qualquer outra, talvez fosse importante pensar: e se eu não mais existir em breve, o que me resta fazer?