A atitude vale mais do que mil palavras. Muita gente ouve, aceita e propaga esta máxima. Porém, ela não é verdadeira para muitas pessoas. Não existe dúvida sobre a importância dos gestos, de agir, de demonstrar apreço diante de algo agradável, uma conquista, um desafio superado.
Lindamente, Maria Bethânia cantou “toda palavra vale nada, quando chega o amor”. Contudo, ouso discordar da diva da MPB.
A linguagem é parte constituinte da nossa subjetividade. É por meio dela que adquirimos conhecimento, formamos memória, damos significado às coisas, pessoas, objetos, lugares, sonos, cheiros etc. Ou seja: tudo aquilo que nos circunda, tem alguma palavra que o simboliza. Assim podemos interagir com tudo a nossa volta.
Assim, sejam tantos os atos, atitudes, iniciativas, não importa. Sem o complemento da fala, da palavra, o amor talvez não fique plenamente representado.
Um dos principais nomes da psicopatologia, Paulo Dalgalarrondo, escreve que a linguagem é fundamental para a elaboração do “eu”, da subjetividade da pessoa.
Assim, quando sentimos afeto por alguém é importante expressá-lo em palavras. Quando um aluno realiza um bom trabalho acadêmico, deve ser reconhecimento verbalmente pela conquista. O mesmo deveria ocorrer no trabalho. As lideranças colaborariam muito para o melhor desempenho dos subordinados ao dizer: este trabalho ficou excelente. Você é muito competente, comprometido etc.
Durante a formação da minha psiquê, isso não esteve presente. Conforme escrevi no texto anterior, as figuras de significância na minha vida se omitiram. Pais, professores, lideranças e até mesmo alguns amigos. Foram econômicas, para não dizer ausentes, nos elogios ditos. Isso gerou em mim uma insegurança. Melhor dizendo: não tenho uma boa autoimagem nem confio na minha autoeficácia.
Desta forma, o objetivo deste vídeo é levantar a questão: poderíamos demonstrar mais a nossa satisfação, para além da atitude? Ou seja: falar e ouvir realmente faz diferença?