Treze Motivos, a badalada série da Netflix, vai muito além do tema suicídio. Para mim, os episódios confirmaram o abismo existente entre pais e filhos.
Eu assisti às duas temporadas de Treze Motivos de uma vez. A trama, que começa com o suicídio de Hanna Baker, é muito, muito mais do que tratar de um tema delicadíssimo.
Treze Motivos retrata, com uma delicadeza como nunca tinha visto antes, os conflitos comuns à geração que está frequentando o Ensino Médio aqui no Brasil.
Nos Estados Unidos, eles estão no famigerado high school. É aquela fase da vida onde a crueldade é sinônimo de adolescência. Jovens são objetivamente duro consigo e com os amigos.
O bullyng é uma realidade incontestável, não importa o nível social, o IDH do país, a cidade onde os jovens estejam vivendo. Numa época de tantas dúvidas e incertezas, a moçada não sabe como agir, o que fazer, como se portar. E o pior: na grande maioria das vezes, silenciam.
A primeira temporada mostra, como diz o título, os treze motivos pelos quais Hanna Baker tenta explicar, em fitas cassetes gravadas, as razoes que a levaram a tirar a própria vida.
Já a segunda temporada ocorre nos tribunais. A família da adolescente tenta responsabilizar o colégio por não ter tomado uma atitude diante do sofrimento da garota.
O problema é que – como grande parte dos jovens – tudo era envolto em silêncio, mistério, tentativas fracassadas de se comunicar uma dor que o outro, por várias razões, não enxerga.
Há um episódio, inclusive, em que o pai do “protagonista”, o bom moço Clay, pergunta ao filho em que momento “as crianças deixam de confiar nos pais e contar-lhes os sofrimentos por que passam.”
Não há respostas fáceis. A única certeza é que pais, filhos, amigos, pessoas, enfim, precisam encontrar uma forma melhor de se comunicar. E tentar entender o que ocorre no fundo da alma do outro. Tarefa difícil, quase impossível. Mas que não pode ser evitada.