Um bom jeito de começar a semana

Curitiba, 6h30, hora de começar a semana, algo em torno de 1º grau lá fora, olhei a janela suada. Mal dava para ver o céu azul, límpido, lá fora.

Ocorreu-me um trecho logo na abertura do Lavoura Arcaica, do Raduan Nassar:

“Que culpa temos nós dessa planta da infância, de sua sedução, de seu viço e constância” (Jorge de Lima)

Acho sempre muito curiosa essa relação que travamos com o tempo. Temos a falsa ilusão de que podemos, de alguma forma, controlá-lo.

Na prática, somos seu mais fiel prisioneiro. Não importa o quanto nos movimentamos. É sempre ele, soberano, que determina o nosso destino.

Como disse o próprio Raduan Nassar, “…O tempo é o maior tesouro de que um homem pode dispor; embora inconsumível, o tempo é o nosso melhor alimento; sem medida que o conheça, o tempo é contudo nosso bem de maior grandeza: não tem começo, não tem fim; o tempo está em tudo. Rico só é o homem que aprendeu, piedoso e humilde, a conviver com o tempo, aproximando-se dele com ternura, não contrariando suas disposições, não se rebelando contra seu curso, não irritando sua corrente, estando atento para o seu fluxo, brindando-o antes com sabedoria para receber dele os favores e não a sua ira;

SEM MEDO DE COMEÇAR

Na mais completa insatisfação, comuns são as reclamações do homem sobre o tempo. Se chove, é porque chove. Se faz calor, é pelo calor. Se esfria, é o frio. Tolo, não percebe que não alternativa, exceto aproveitar cada minuto que o tempo nos oferece.

Só a partir dele, o tempo, que podemos começar. E começar outra vez.

Todos temos os mesmos segundos, os mesmos minutos, as mesmas horas, os mesmos dias, os mesmos meses, os mesmos anos. Saber usar cada uma dessas parcelas é que nos fará melhores. Sem reclamação contra aquilo que simplesmente não se pode mudar.