O nosso Paulo Coelho da teledramaturgia conseguiu mais uma vez. Nenhuma outra novela das 18 horas, nesta década, teve audiência tão boa quanto Êta Mundo Bom.
Walcyr Carrasco retomou o formato que ele consagrou no horário, com uma releitura de outros pastelões que ele escreveu.
É impossível não enxergar na novela que as mesmas referências e situações de O Cravo e a Rosa, Chocolate com Pimenta e Alma Gêmea.
Graças ao talento de Sérgio Guizé, a trama não virou um pastiche absoluto. O otimista Candinho vai deixar saudades, assim como outros personagens “batidos” e que agradam tanto ao telespectador do início da noite.
O bordão “tudo de ruim que acontece na vida é para melhorar” caiu nas graças do público. Semana após semana, foi conquistando mais e mais público. Por várias vezes teve mais audiência que a novela das 21 horas, o grande investimento diário da Rede Globo.
Esta novela também marcou o retorno de Marco Nanini às tramas diárias, depois de mais de uma década vivendo o Lineu, d’A Grande Família.
O professor Pancrácio deu provas e provas da grande capacidade deste ator ímpar. Ele consegue imprimir verdade aos personagens que incorpora. Estava fazendo falta na televisão.
Flávia Alessandra e Eriberto Leão compuseram bem os vilões, fazendo excelente contraponto com a doce e decidida Maria, de Bianca Bin.
A única nota dissonante ficou justamente com a protagonista Filó, vivida por Débora Nascimento. A atriz não estava madura para o papel e a personagem ficou perdida, sem importância.
Já Camila Queiroz, depois da ninfeta sedutora de Verdades Secretas imprimiu graça e simpatia na caipira que sempre esteve à espera do “cegonho”.
Para o público que esperava apenas entretenimento simples e ingênuo, a novela cumpriu plenamente o papel que lhe cabia. Êta Mundo Bom vai deixar saudades!