Parte 2 do vídeo sobre o machismo incrustado na sociedade brasileira. Hoje, o foco é a crueldade que as mulheres tem com elas mesmas. Muito antes da solidariedade, elas são as primeiras a atirarem pedras – e que pedras – quando o assunto envolve relacionamentos amorosos. Se houver traição, sai de baixo. E não estou falando daquele programa de televisão nefasto.
Dois anos atrás, um dos casais mais fofos da televisão brasileira se separou. Os lindos Grazi Massafera e Cauã Reymond terminaram o casamento. O pivô do desenlace seria a atriz Ísis Valverde, que contracenara com Reymond na excelente minissérie – ironia das ironias – Amores Roubados.
Embora nunca comprovado, Ísis sentiu a fúria do que seria “destruir” um casamento. O macho alfa da relação nunca foi questionado, muito menos perdeu fãs. Já atriz precisou se recolher, não entrou mais em nenhuma produção global. Só agora, ela retorna ao vídeo na atual novela das 21 horas.
Nem mesmo um acidente gravíssimo foi capaz de “acalmar” a raiva das mulheres contra a atriz. Admito que não consigo compreender porque as mulheres são tão duras com seus pares.
As mulheres se empoderaram e isso é apenas o começo de uma longa jornada. Entretanto, quase que na mesma proporção, elas são excessivamente cruéis com aquelas que, de alguma forma, “fogem do padrão”.
Passaram a exigir um homem idealizado que nem mesmo o mais açucarado dos romances é capaz de dar conta. Mirian Goldenberg, antropóloga pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, chama a atenção para este novo “momento”. Em alguns de seus brilhantes artigos, ela comenta dessa falta de solidariedade feminina, bem como o grau elevadíssimo das exigências em relação aos homens.
Talvez nem mesmo o Super Homem consiga dar conta de tanta demanda. Claro que este assunto está longe de se esgotar. Se vale uma dica, não faça ao outro o que não deseja para si. É mais fácil ser respeitado quando se olha o outro da mesma forma.
Falaremos mais sobre o assunto.