Pabllo Vittar e Jojo Todynho “causaram” no último Carnaval. Muita gente chegou a compará-las às grandes cantoras. Só que não.
É muita falta de respeito com as mulheres que, de fato, cantam, comparar essas duas personalidades com as vozes que marcaram e fazem a história da música popular brasileira.
Tanto Pabblo quanto Jojo são, no máximo, artistas. Arrisco dizer, até, que são muito mais um ato político, uma atitude do que qualquer outra coisa.
Não se pode negar a quebra de paradigmas e tabus que as duas estão provocando. Elas rompem com o padrão de beleza estabelecido e tiram da marginalidade as drags queens e as mulheres negras, pobres e que moram em favelas.
Talvez Pabllo Vitar esteja encantado com o sucesso e repercussão a ponto de faltar-lhe um mínimo de autocrítica. Jojo é um pouco mais consciente das limitações vocais e assumiu, no programa Altas Horas, que a língua presa é um problema e que vai estudar canto.
Pabllo Vittar nasceu no Maranhão, tem 23 anos e conquistou fama e dinheiro depois de participar de um vídeo clipe de Anitta. Na última incursão musical, sensualizou com Lucas Lucco, ícone do sertanejo e macho alfa ídolo das mulheres. Bom pra carreira dos dois, vamos deixar registrado.
Jojo é carioca, 21 anos, e bombou nas internet com este clipe. No momento em que escrevia o post, já eram mais de 144 milhões de visualizações. Vamos combinar que não é pouco.
Numa sociedade que, apesar maioria parda, valoriza mais as curvas comedidas, a magreza, os olhos azuis e cabelos loiros, Jojo esbofeteia a sociedade mostrando que é possível. Ela é um ato de coragem e, assim como Pabllo, tira dos guetos, duas personalidades que compõem a noite e festas brasileiras.
Seria uma leviandade traçar qualquer paralelo com as divas da MPB. Entretanto, não se pode negar a importância política de tudo o que essas duas representam.