Ninguém é perfeito, todos temos defeitos. E ao reconhecer que temos limitações e nos perdoamos, conseguimos fazer o mesmo com o outro. É incrível a nossa tendência de idealizar todas as relações que construímos.
Sonhamos com um mundo perfeito, um país com tudo em ordem, um estado onde nada fica fora do lugar, uma cidade onde cada um cumpre o seu papel.
Pensamos que o trabalho poderia ser menos chato. Que o chefe, mais tolerante e as tarefas menos árduas. Que os amigos sejam mais compreensivos. Esperamos famílias mais acolhedoras, que não coloque tantas “faturas” nas nossas mãos.
E o ideal dos ideais: um amor absolutamente perfeito, como no cinema ou nas telenovelas. Certa vez, na terapia, comentava sobre o final da novela Alma Gêmea, da Rede Globo, lamentando estar solteiro naquele momento. A psicóloga puxou as minhas orelhas e, aproveitando o gancho da dramaturgia, perguntou: “você viu quantas vidas eles tiveram que viver até poderem ficar juntos?”
É difícil reconhecer nossas limitações, nossas incapacidades. Há, inclusive, um texto que circula na internet discorrendo sobre os dons de cada signo. Nenhum deles é perfeito, justamente para que as pessoas possam se encontrar e descobrir afinidades.
O bem viver passa por essa perspectiva. Quando eu consigo me olhar no espelho e reconhecer que nem tudo é perfeito, isso me traz uma sensação muito confortável. Libertadora até.
Todos os dias quando acordamos, vestimos as máscaras que estarão conosco. Se sabemos que para cada uma delas, existe algo que não é cem por cento, isso alivia a nossa alma.
Porque é aí que surge a empatia. Se é difícil para mim, também o é para o outro. Se as minhas forças não são suficientes, talvez as do outro também não o sejam.
Se eu exijo menos de mim, certamente vou olhar o outro com um pouco mais de generosidade.