Festa é sempre um motivo de comemoração. No auge do meu egocentrismo, preparei a celebração, mas não veio nem mesmo a minha família.
Aquele ano prometia muito. Seria a primeira festa no meu próprio apartamento, depois que eu saíra de casa. Sem falsa modéstia, eu era uma pessoa muito popular em Rolândia. Participava de um grupo de teatro, fui coordenador de grupo de jovens e tive uma atuação muito decisiva no último ano do então Ensino Médio. Liderava as atividades para arrecadarmos dinheiro para as comemorações da formatura.
No ano anterior, inclusive, esses meus amigos muito queridos, aliados aos meus pais, organizaram uma festa surpresa para mim. E eu realmente não desconfiei de nada e fiquei muito feliz com a deferência.
Sempre sonhava em sair da casa dos meus pais, ser independente, poder fazer coisas e arcar com as consequências. Uma casa só minha era sinônimo de liberdade total. Eu imaginava que meus amigos viriam me cumprimentar, passar umas horas comigo. Só que não.
Preparei tudo para receber umas 40 pessoas. Doces, salgadinhos, bolo, refrigerantes, cerveja. Saí mais cedo do trabalho, arrumei a casa, pus a mesa, comprei flores. Estava tudo lindo. Chovia naquele 22 de junho.
Deu 19h30 e ninguém apareceu. Oito e meia e nada, nove e meia já estava preocupado e às 22h30 eu me dei conta que a festa seria para eu mesmo.
Naquela época não havia celular e eu não tinha telefone fixo em casa. No dia seguinte, no trabalho, minha mãe ligou chorando, pedindo perdão por não ter ido. E o mesmo se sucedeu com os meus amigos. A chuva teria sido a principal desculpa.
Profundamente magoado, levei o assunto para a terapia. Ela me deu aquele feed back que só os psicólogos conseguem: como você era o seu primeiro ano morando sozinho, as pessoas gostariam de ser convidadas para ir a sua casa. Não se costuma chegar de supetão na casa dos outros. Entendeu?
Entendi.