Adélia Prado, uma grande escritora que merece ser lida!
Adélia Prado, mineira de Divinópolis, é uma das nossas principais escritoras vivas. Eu a considero o “Carlos Drummond de Andrade de saias”. Esta sagitariana nascida em 13 de dezembro de 1935, além de poetisa e contista ligada à escola literária do Modernismo, foi também professora e filósofa.
Em 1976, com a ilustre recomendação de Drummond, lançou o primeiro livro, Bagagem. Dois anos depois, ganhou o Prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro, um dos principais prêmios da literatura brasileira. O coração disparado tem uma bela resenha neste site aqui.
Soltem os cachorros marcou a estreia dela na prosa. Desde então, foram várias obras.
Confira os livros de poesia:
Bagagem, Imago – 1975
O Coração Disparado, Nova Fronteira – 1978
Terra de Santa Cruz, Nova Fronteira – 1981
O Pelicano, Rio de Janeiro – 1987
A Faca no Peito, Rocco – 1988
Oráculos de Maio, Siciliano – 1999
Louvação para uma Cor
A duração do dia, Record – 2010
Prosa:
Solte os Cachorros, contos, Nova Fronteira – 1979
Cacos para um Vitral, Nova Fronteira – 1980
Os Componentes da Banda, Nova Fronteira – 1984
O Homem da Mão Seca, Siciliano – 1994
Manuscritos de Filipa, Siciliano – 1999
Filandras, Record – 2001
ADÉLIA PRADO FOI PAIXÃO À PRIMEIRA OUVIDA!
Foi da boca de Fernanda Montenegro que ouvi os versos que abrem este vídeo.
Antônio
Pega na minha cabeça com suas mãos lindas enormes que eu viro santa. Me olha com seu olhar um olhar de amor impossível que renuncio às pompas deste mundo. Prometo não perturbar teu inabalável propósito de servir somente ao Senhor, mesmo porque, com Deus, quem poderá competir?
Mas, de uma vez por todas, me deixa saber sem dúvidas: tuas lindas mãos são lindas mãos de homem, capazes das maravilhas que podem as mãos dos homens nas mulheres? A ti não peço esponsal, que outro marido não quero, que outro não há pra me ordenar com sua voz poderosa: faz café.
Faz silêncio. Faz amor carnal. Traz meu cilício. Vai passear lá fora enquanto eu rezo Taumaturgo, fala. Me toca pra eu sossegar, que eu, loba, obedeço, mansa.
O texto era parte do espetáculo Dona Doida, um excelente monólogo, apenas com textos de Adélia. Se você ainda não o fez, recomendo totalmente a leitura integral da obra desta nossa mais que especial escritora.