Luto é um processo muito dolorido. Você só conhecerá esta dor de fato, quando perder alguém importante: o pai ou a mãe. A morte da ex-primeira dama Marisa Letícia está revelando pessoas absurdamente mesquinhas.
Dia após dia parece que estamos vivendo o fim dos tempos. Não há um assunto que se torne polêmica, que não é debatido, questionado, julgado e condenado pelas redes sociais. Nem mesmo no momento mais difícil da vida de qualquer família, as pessoas demonstram um mínimo de empatia, de generosidade. Não têm compaixão, nem respeito pelos sentimentos dos outros.
É inacreditável e absurda essa tentativa de politizar a morte da ex-primeira dama, Marisa Letícia. De acordo com os relatos médicos publicados na imprensa, ela teve um AVC (Acidente Vascular Cerebral) grave. Era fumante e possuía um aneurisma havia dez anos. Infelizmente, tinha “todas as condições clínicas” desfavoráveis. E ocorreu o pior. Sendo apenas racional, uma hora isso iria acontecer.
Até hoje, não experimentei dor mais profunda que a perda dos meus pais. Minha mãe se foi em dezembro de 2015. E eu nunca mais fui o mesmo.
Quando vejo comentários odiosos a respeito de Dona Marisa, sinto uma dor profunda. Reflito sobre o quão mesquinhos e inoportunos conseguimos ser. Em momentos como este, não existe ideologia, não existe inclinação política. Só resta a dor.
E quem está de fora, o que melhor que tem a fazer é acolher os enlutados. Dar uma abraço, oferecer uma palavra de conforto. Ser generoso, deixar as diferenças de lado. Como fez Fernando Henrique Cardoso. Atrás da ex-primeira dama, existe um marido, há filhos, netos, parentes, amigos que sofrem genuinamente.
Não perceber e respeitar a dor de um momento tão triste é escancarar ao mundo a pequenez, a mesquinharia, a falta de sensibilidade. Mais do que isso: a incapacidade de reconhecer o outro como humano.