Termina amanhã “Liberdade Liberdade”, a novela das 23 horas que deve ficar registrada na história da teledramaturgia brasileira por exibir a primeira cena de sexo gay.
Mas a trama foi muito além.
Quando do lançamento, autor e diretor disseram que a proposta seria resgatar o nacionalismo, tão em baixa devido aos níveis de corrupção que temos acompanhando todos os dias nos noticiários. Não creio que lograram êxito, mas entregaram um excelente entretenimento.
A trama, escrita por Mário Teixeira, retratou o período da Inconfidência Mineira. O folhetim começa com a morte de Tiradentes logo no segundo capítulo, com destaque para a luta dos rebeldes.
Eles foram liderados, entre outros, pela filha do próprio Joaquim da Silva Xavier, a Joaquina/Rosa, de Andréia Horta.
Não me lembro de ter visto antes uma novela tão violenta. E nada ali foi gratuito.
Liberdade Liberdade anteviu o que sempre soubemos: corrupção, troca de favores, opressão, desrespeito aos negros, mulheres, pobres, gays, prostitutas. Seria clichê demais fazer qualquer paralelo com os tempos atuais.
Num elenco com atuação irrepreensível, Mateus Solano, de volta depois do vilão tragicômico de Amor à Vida, se destacou como o irascível Intendente Rubião, alternando nuances de gentileza e violência desmedida.
Maitê Proença, com a perturbada Dionísia, enfim, mostrou que é atriz. A patricinha petulante de Nathália Dill está entre os melhores momentos da novela, bem como o bandoleiro Mão de Luva, trabalho irrepreensível de Marco Ricca.
Como antevi no vídeo que gravei sobre a cena gay, o romance terminou com o Coronel mandando enforcar André. Uma bela cena de Caio Blat e Ricardo Pereira, com a coadjuvância expressiva de Bruno Ferrari.
Amanhã, os rebeldes devem avançar na derrubada da monarquia brasileira, que culminará na Independência do Brasil.
O restante da história, sabemos, tem pontos positivos e negativos, como tudo aquilo que se refere aos homens.
E isso precisa ser constantemente avaliado e reavaliado.