Os dias estavam um pouco cinza, mas não o bastante para enxergar cenas muito bonitas. Era hora do almoço. Eu terminava de me servir e quem entra no restaurante? Janaína e Andrea. Ela com cabelo molhado e paz no semblante. Ele, feliz e com aquele ar de encantamento.
Apesar da minha terrível pressa, compartilhamos alguns momentos juntos. Andrea deixaria o país naquela noite. Janaína estava cheia de planos. Na verdade, esta amiga querida vive a felicidade ideal. Sabe aquela que sonhamos, esperamos a vida toda? É essa. Não aquela sensação que a maturidade traz, de enxergar e acolher o possível. Divertir-se e também ficar em paz, mas pelo que efetivamente se tem ao lado.
A felicidade da Janaína tem nome, sobrenome, profissão, endereço. A felicidade da Janaína aprecia nossa comida, se delicia com descobertas, questiona as razões do sushi dele ser diferente do dela, pede um “titico” do dela, que lhe leva à boca. Não apenas com um sorriso. Principalmente com a cumplicidade dos verdadeiros amantes.
Nosso diálogo ainda era problemático, visto meu francês estar enferrujado, esquecido, sem contar o nervosismo que sentia quando estou com o casal. Comentei que o romance estava sendo compartilhado com muita gente. Talvez tenha um pouco de “alguri” nessa novela da vida real. O fato é que a felicidade da Janaína me deixa muito feliz. E como os amigos, felizmente, não têm a terrível sensação de posse, o desejo é que este romance não acabe nunca. Que ele transponha o oceano e, oxalá, algum dia, eu a visite lá no norte da Itália.
No final do rápido encontro, me despedi de Andrea desejando-lhe toda a felicidade do mundo. Ele me beijou. De maneira tão espontânea, que fiquei ainda mais feliz. A vida providenciou benesses para a Janaína. E é muito, muito bom estar por perto e poder compartilhar.