Gratidão é um segundo prazer, que prolonga um primeiro, como um eco de alegria à alegria sentida, mais felicidade por mais uma felicidade.
Este site aqui traz uma bela reflexão sobre este tema tão necessário. Para o filósofo André Comte-Sponville, “é a mais agradável das virtudes; não é no entanto a mais fácil. Há prazeres difíceis ou raros, que nem por isso são menos agradáveis. (…)
Ela é um mistério, não pelo prazer que temos com ela, mas pelo obstáculo que com ela vencemos. (…) Não se dá nada sem perda, por isso a generosidade se opõe ao egoísmo, e o supera. Mas e receber? A gratidão não nos tira nada, ao contrário, acrescenta. Ela não só prolonga a alegria, como faz o outro igualmente feliz, ao retribuir o que recebemos do outro, fazemos esse outro feliz também. (…)
É alegria retribuída, é amor retribuído. O reconhecimento ou gratidão é o desejo ou zelo de amor pelo qual nos esforçamos em fazer o bem àquele que o fez a nós, em virtude de um sentimento semelhante de amor por nós.
A gratidão se distingue da ingratidão precisamente por saber ver no outro, a causa de sua alegria.
A força do amor-próprio explica assim a raridade ou a dificuldade da gratidão: cada um, do amor recebido, prefere tirar a glória, que é amor a si em vez de reconhecimento, que é amor ao outro.
Ela se regozija com o que aconteceu, ela é portanto, o inverso do arrependimento ou da nostalgia. (…). A alegria do que é ou foi, contra a angústia do que poderia vir a ser.
(…) A gratidão é essa alegria da memória, esse amor do passado, a lembrança alegre do que foi.
O reconhecimento é um conhecimento, ao passo que a esperança nada mais é que uma imaginação. A gratidão não anula a perda, consuma-a: ” É necessário curar os infortúnios com a lembrança reconhecida do que perdemos, e pelo saber de que não é possível não consumar essa perda”.
(…) É uma virtude de fato, pois é a felicidade de amar e muitas vezes, a capacidade em superar.