Usou roupa provocativa, merece o estupro. É para deixar qualquer um de queixo caído, mas isso não é uma peça de ficção. Uma pesquisa feita pelo Instituto Datafolha aponta que um em cada três brasileiros concorda que uma mulher que usa roupas provocativas é responsável por sofrer violência sexual.
O mais intrigante da pesquisa é que ao menos 30% das próprias mulheres concordam com essa prerrogativa que precede esta absurda violência sexual. De acordo com as “autoridades”, a cada 11 minutos uma mulher é violentada. Para o Sistema Único de Saúde (SUS), em 70% dos casos, a vítima é uma criança ou adolescente. E outro número entristecedor: apenas cinco por cento dos casos são denunciados. No Estado de São Paulo, 20% dos casos são esclarecidos, porém a Justiça acaba absolvendo o estuprador.
O Datafolha ouviu 3.625 brasileiros, com idades acima de 16 anos, no mês passado e realizou a pesquisa a pedido do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. A margem de erro é de dois pontos percentuais. Ao menos 85% das brasileiras temem sofrer estupro. No Nordeste, o medo é ainda maior: nove entre cada 10 mulheres. E o estupro é praticado por alguém conhecido da vítima.
As mulheres ouvidas na pesquisa reclamaram que a Polícia Militar não está preparada adequadamente para atender casos de estupro. O mesmo ocorre com a Polícia Civil. Entidades de defesa da mulher apontam que as autoridades policiais, na grande maioria dos casos, seguem a mesma tendência de culpabilizar a vítima pelo estupro.
A mesma pesquisa indicou, porém, que as pessoas reconhecem que será somente através da educação que esses números podem mudar. Além da escola, família e sociedade precisam se unir no combate ao estupro, com a mãe e o pai orientando o filho desde cedo que o estupro é algo inadmissível. Este é o caminho para uma sociedade menos violenta contra a mulher.