Para os pais, os filhos serão eternas crianças. Receberão deles a proteção, o cuidado, a preocupação, a tentativa inócua de protegê-lo das mazelas da vida adulta. É um jogo de enganação sem fim.
Na vida real, eles, os pimpolhos, aparentam uma independência de fachada quando se trata das finanças, por exemplo, mas se o assunto for sexo, muitos deles já descobriram os prazeres da carne. Com ou sem afeto.
Quando existe um envolvimento maior, a descoberta do sexo é rápida e inevitável. Aceitar dói menos.
O desafio surge quando pedem: “Pai/mãe, posso dormir com meu (minha) namorado (a) aqui em casa?”
Juro que não ficaria à vontade. Mas entre a constatação inequívoca que meus filhos estão transando e a insegurança de saber que eles podem estar fazendo isso qualquer lugar, eu engoliria o “sapo” e vida que segue. O desconforto, porém, seria inevitável.
Embora eu não tenha filhos, creio que esta situação me deixaria muito desconfortável. Confesso que já sinto uma certa estranheza quando minhas sobrinhas, principalmente, começam a namorar. Pode e deve ser machismo de minha parte. Ao perceber que o relacionamento está ficando sério, sinto frio na espinha. A minha criança está se tornando mulher e vai cair na lábia, braços e corpo daquele jovenzinho ali.
Invariavelmente quando elas engravidaram, por exemplo, primeiro fui tomada de uma alegria óbvia. Mas depois, logo após receber a notícia tive uma crise de choro compulsiva. Um misto de felicidade e tristeza por perceber que a vida estava seguindo o próprio ciclo.
Aquela criança que eu peguei no colo, brinquei, amamentei, levei ao shopping, agora vai ser mamãe. Se para mim, que sou tio, que não tenho a convivência diária sob o mesmo teto, imagino o desafio que deve ser para os pais.
Certamente eu aceitaria que dividissem a cama dentro de casa. Mas isso não seria sem sofrimento, eu juro.