Dia desses, jantava calmamente em um restaurante num shopping elegante aqui de Curitiba quando, de repente, dois cães pularam nas minhas pernas.
Olho para os lados, não enxergo ninguém que possa ser o dono, até que uma senhora chega esbaforida.
– Ai, são uns danados. Eu me distraí e eles fugiram.
– Eu estou achando bem desagradável jantar com esses cachorros aqui.
– Você vê, um segundo de bobeira e eles fogem.
– Se a senhora não consegue cuidar dos seus cachorros, não deveria sair de casa com eles. Eu realmente estou incomodado com isso.
– Eu não posso fazer nada.
– Pode sim. Pode tirá-los imediatamente daqui.
A senhora foi embora, nervosa, não me pediu desculpas. Chamei o gerente e reclamei com ele também.
Passei a minha infância inteira numa chácara e sempre tivemos cachorros. Sempre foram bem tratados, bem cuidados, amados mesmo.
Porém, havia uma regra muito clara estabelecida pela minha mãe. Cães têm lugar próprio para ficar. E ela nunca permitiu que os animais entrassem dentro de casa, subissem nas nossas camas.
Vejo com muita curiosidade este comportamento atual em que os bichos parecem ter mais significado do que as próprias pessoas.
Fico incomodado quando vejo pessoas tratando cães como se fossem filhos. Acho estranho as pessoas deixarem-se se lamber na boca por eles. Sempre me recordo que os cães fazem a própria higiene. Com a língua.
Podem me julgar, mas isso me causa certa repugnação.
Como tudo na vida, percebo que determinadas pessoas extrapolam. Não vejo problema algum em se levar os animais para shoppings, por exemplo. Mas praça de alimentação e restaurantes, não, beleza?
Acho que eu não sou obrigado, né?
Já percebi também que alguns mais ousados levam cachorros de médio a grande porte a esses lugares. Se um deles atacar alguém, quem responde pelo ato?
Isso precisa ser discutido de maneira mais efetiva.