Dividir é compartilhar, certo? Nem sempre. Tem algumas coisas que a gente só oferece por educação. O outro tem obrigação de recusar.
A ideia deste vídeo foi dada pela Paula Schultze, minha amiga, que fez uma enquete no Facebook. Achei as respostas muito engraçadas e decidi ir às ruas saber o que as pessoas acham sobre isso.
Eu, por exemplo, não gosto de dividir Yakult. Também não curto compartilhar bombons, trufas, bolachas. Emprestar roupas também não me agrada. Admito que há um certo egoísmo nisso, mas afinal, somos todos humanos e temos essas pequenezas, não?
No primeiro livro que publicou, Na sala com Danuza, a jornalista Danuza Leão cita o exemplo do chocolate. Ela afirma categoricamente que embora a pessoa ofereça, é muito educado e recomendável que o outro não aceite. Ainda que a oferta seja feita pelo melhor amigo, alguém com quem se tenha muita intimidade.
Nas ruas de Curitiba, as respostas foram as mais diversas. Não repartir chocolate foi, praticamente, uma unanimidade. Além disso, a galera não está disposta a compartilhar maquiagem, perfume, livros, cama, carro, fones de ouvido. Dois entrevistados frisaram que mulher é algo que não se divide. Confesso que fiquei admirado, principalmente, pelo contraditório. Vi ali um certo machismo.
Nas abordagens, frisava que estava tratando de objetos. Jamais me passou pela cabeça que alguém cogitasse isso. Impressionou-me a afirmação por ela carregar, no mínimo, a hipótese de fazer um uso tão condenável da mulher. Curiosamente, nenhuma entrevistada cogitou a possibilidade de compartilhar os respectivos namorados ou maridos. Ou seja: está efetivamente impregnada a cultura patriarcal e dominadora dos homens.
Por fim, e não menos importante, o que era pra ser apenas uma brincadeira, acabou provocando esta reflexão. E este é o principal objetivo do meu canal. Fazer as pessoas pensar, refletir e, quem sabe, se reposicionar.