Transgênero é um dos temas abordados no núcleo principal da novela das 21 horas. Glória Perez, a autora, tem se saído muito bem na condução da narrativa. Ivana, a personagem vivida magistralmente pela estreante Carol Duarte, nasceu num corpo de mulher. Porém, não se reconhece assim. No decorrer da trama, ela vai se descobrir um homem e fará a transição de gênero.
Ainda que tenha tido todas as referências femininas e de feminilidade geradas pela mãe, a elegante e fútil Joice, de Maria Fernanda Cândido, Ivana gosta mesmo de usar as roupas do irmão.
Assim como ocorreu em O Clone, da mesma autora, ao retratar o vício nas drogas – outro grande momento de Débora Falabella – teremos a chance de acompanhar todas as etapas desta “vivência” do personagem.
Ivana já procurou ajuda com uma psicanalista. Sóbria, ela tem estimulado a reflexão e auxiliando a jovem a encontrar ou reconhecer quem é de verdade. É uma trama mais do que interessante.
É mais do que providencial e necessário trazer um assunto tão importante para a casa das pessoas no horário nobre da televisão. De acordo com dados do Grupo Gay da Bahia, uma das principais referências na defesa dos direitos da comunidade LGBT, um homossexual é assassinado no Brasil a cada 28 horas. Um detalhe: isso ocorre exclusivamente por conta da sexualidade das pessoas.
Ivana vem dar voz a essas pessoas que vivem no escuro. Até aqui, todas as cenas são de uma profunda sensibilidade e cuidado. Junto com a personagem, tentaremos entender o que ocorre com esta “pessoa”.
Como eu disse neste vídeo aqui, ninguém olha para a própria vida e decide ser heterossexual. Glória Perez vem corroborar esta afirmativa narrando as dificuldades para tirar o homem no corpo de uma mulher.
A exemplo do filme A Garota Dinamarquesa a transformação tende a ser sutil e aos poucos. E com boas pitadas de drama e conflitos, como bem cabe a uma telenovela. A conferir.