Para a cineasta Anna Mulayert, e talvez para todo o resto do mundo, apenas uma. Esta é a premissa do novo filme da diretora, Mãe só há uma. Acabei de vê-lo e simplesmente o adorei.
A temática é sobre um adolescente que, em meio aos conflitos e dúvidas naturais da idade, descobre que a mãe adotiva, na verdade o roubara, tempos atrás.
Este drama é baseado na história real do garoto Pedrinho, que descobre ter sido roubado na infância.
Na trama, Pierre (Naomi Nero) recebe a notícia sobre o roubo, e acaba conhecendo os pais biológicos (Dani Nefussi e Matheus Nachtergaele) que buscam por ele há 17 anos.
Ao mesmo tempo, Pierre passa por uma descoberta sexual e de gênero, usando vestidos e beijando tanto garotas quanto garotos.
O mais importante do filme é a discussão sobre os papéis que cada um tem na nossa vida. E que certas coisas ficam para sempre e estão muito além do laço sanguíneo.
No afã de agradar o filho “desaparecido”, os pais acabam virando a vida do garoto pelo avesso. No clímax do embate, Pierre diz aos pais biológicos que a vida dele foi roubada duas vezes. A primeira, quando fora roubado na maternidade. A segunda agora, pois ele já estabelecera afetos e cumplicidades dados pela mãe adotiva.
Econômica e não condescendente, Anna Mulayert mostra que o relacionamento humano será sempre a base primária de qualquer boa história. Ela conduz a narrativa de maneira tão singular que é impossível não se envolver. Duvido que alguém que tenha prestado atenção e todas as cenas, tenha saído do cinema da mesma forma como entrou.
Mulayert não faz concessões. Não emite juízo de valor. Ela apenas mostra a situação. Neste filme, não há culpados. Há apenas pessoas comuns que se veem atingidas pelas tragédias do cotidiano e não sabem como lidar com elas.
Recomendo muito.