Quando o amor é verdadeiro, ele é para sempre. Somente ele, segundo Nelson Rodrigues, nunca acaba. Essa história é baseada em fatos reais. Ela ocorreu em Londrina no final dos anos 90 e se passou no Hospital Universitário.
Um casal já passado dos 80 anos vivia sozinho na cidade. Os três filhos, todos casados, moravam em outros municípios. O meio desta história é ficção criada por mim e transformada num roteiro de um curta metragem. O começo e o final aconteceram realmente.
O homem sofreu um pequeno acidente – no curta, ele foi pescar com os amigos – aparentemente nada grave. Porém, ele entrou em coma. Ficou na UTI do hospital por 18 n0ites. Os filhos vieram visitá-lo nos finais de semana, mas o cotidiano foi cuidado pela mulher dele.
A angústia só aumentava com o passar dos dias, sem nenhuma perspectiva de melhora. Da memória da senhora, vinham lembranças dos mais de 60 anos de casamento.
No décimo novo dia de internamento, a grande notícia: o homem melhorara a ponto de sair do coma. Por ser um hospital público, os médicos avaliaram que ele poderia ir para um quarto. Ligaram para a esposa, informando-a que, a partir de então, ele precisaria de um acompanhante o tempo todo.
Rapidamente ela se arrumou e dirigiu-se para o hospital toda animada. Desde o recebimento da notícia, porém, ela ficou angustiada. No intervalo de tempo entre a saída de casa e a chegada à maternidade, o homem faleceu.
Os funcionários ficaram aflitos sobre como dariam a notícia, função que, como de hábito, coube à assistente social. Olhos nos olhos, a profissional tentou acalmar como pode aquela mulher de cabelos brancos. Ao saber da notícia, sentiu o peito apertar e pediu para ser levada até o quarto onde ele estava.
Ao se deparar com o corpo do marido, disse apenas uma frase: “me leva com você!”. Foi o suficiente para ela ter um infarto fulminante e cair morta ao lado do homem com quem viveu quase toda a vida.
E foi assim que os filhos enterraram os pais provando que nem mesmo a morte é capaz de afastar quem se ama de verdade.