Podemos não. Querer a amizade de quem você está apaixonado só vai trazer sofrimento. Você será apenas uma tábua de salvação. Fuja que é cilada. Volta e meia a gente se depara com uma situação como esta.
E, infelizmente, temos a tendência de achar que encontramos o grande amor da nossa vida. Tremenda ilusão.
Quando estamos ao lado de alguém que tem uma relação complicada, é bem fácil confundir as coisas. Na tentativa de “ajudar” o outro a enxergar o óbvio, muitas vezes imaginamo-nos apaixonados.
Surpresa desagradável é relatar o sentimento e levar o maior e mais discreto não da história: desculpe, mas podemos ser apenas amigos?
Responda sem pestanejar que não e fuja. Corra, parceiro, corra. Até porque, quase que com certeza, se por acaso a relação engrenar, é bastante tranquilo prever que você servirá apenas como tábua de salvação. Vai servir apenas para que a pessoa se cure de uma outra relação. Ou seja: quem tem amor próprio, não cai numa lorota dessas, certo?
Tem um articulista da revista Época, de quem gosto muito, Ivan Martins, que escreve brilhantemente sobre relacionamentos. Num dos textos, ele afirma que “o amor é facinho”. Assim como na música Noturna, da Marisa Monte e Silva. Não force a barra, não acredite em desculpas esfarrapadas.
Quando tiver que ser, será. E acontecerá de maneira simples, tranquila, serena, sem atropelo algum. Ao colocar-se de maneira tão vulnerável diante do outro, não duvide: as chances de você quebrar a cara beiram os cem por cento. Simples assim.
Sem querer ditar regras e dicas, para que você possa apaixonar-se, amar, olhar o outro, é fundamental que antes você se conheça. Apaixone-se por você. Ame-se. Respeite-se.
Se você não for a sua melhor companhia, ninguém conseguirá fazê-lo por você. Quando a sua paixão propuser amizade, agradeça e saia de fininho. Vai ser melhor, ainda que doa.