Intrometidos querem participar. Querem opinar, querem se fazer presentes. O problema é que elas acabam se metendo onde não são chamadas. E uma simples cena cotidiana, vira palco para acaloradas discussões.
Se a necessidade humana de se meter onde não foi chamado fosse tão urgente quanto a de ajudar ao próximo, o mundo seria definitivamente o paraíso.
No dia da formatura do meu sobrinho, envolvi-me em um acidente. Tínhamos saído para mostrar o Centro Politécnico da Universidade Federal do Paraná, onde ele estudou, e, na saída, dei sinal que viraria à esquerda. O outro motorista não percebeu e acertou a lateral do meu carro.
Não foi nada grave. Tivemos apenas danos materiais. Acionamos os respectivos seguros e, enquanto aguardávamos, surge um homem que nunca tínhamos visto antes. Um deses típicos intrometidos.
De cara, o cidadão apontou a amiga do meu sobrinho como a responsável pelo acidente. Era a única mulher no grupo. Quando ela me apontou como o causador da batida, ele veio desembestado em minha direção.
Sem nunca ter me visto na vida, bateu no meu ombro esbravejando: – como é que você conseguiu provocar este acidente?
Ele falou em tom alto, irritado. Olhei para o dono do outro carro, olhei para o homem de traços orientais e percebi que se tratava de um simples curioso se metendo onde não devia.
Respirei fundo e, calmamente respondi: – sabe o que é senhor, hoje o dia estava muito calmo. Daí eu liguei para este meu amigo aqui e perguntei: o que você está fazendo? Ele me disse que não estava fazendo nada, estava de boa em casa.
Daí eu fiz a proposta. Vamos bater o carro ali atrás do Politécnico da Federal? Ela concordou prontamente, veio até aqui e provocamos este acidente para movimentar o nosso sábado.
O homem ficou furioso. – Você só pode estar tirando com a minha cara! Disse que não. Que era a mais pura verdade. Indignado, saiu resmungando rua agora.