Onde nascem os fortes, supersérie da Globo encerrada na segunda-feira, evidencia que estamos de igual para igual com as produções internacional.
A novela das 23 horas, o que é na prática, mostrou que George Moura e Sérgio Goldenberg são a dupla mais instigante quando se fala em novos formatos e linguagens. Com eles, a nossa teledramaturgia ganhou muitos pontos.
Amores Roubados, O Canto da Sereia, O Rebu constam desta excelente parceria. Todas obras são o que houve de melhor na produção de Rede Globo.
Onde nascem os fortes foi feita para um público muito mais exigente. Aquele que tem as séries norte americanas como referência. Com excelentes direção de fotografia e de atores, a supersérie é o melhor produto da emissora carioca este ano.
Com poucos personagens girando praticamente em torno da mesma história, foi possível explorar as nuances de cada um deles. Até mesmo a aridez do sertão serviu como, não como set, pano de fundo. Tornou-se um elemento fundamental para a narrativa.
Se ao longo de 53 capítulos, os autores conseguiram prender a atenção do público sem concessões fáceis ao rito do folhetim, o capítulo final foi apoteótico.
A obra tirou o espectador da zona de conforto. Obrigou-o a pensar, a refletir. Cada um de nós, de acordo com as próprias referências, histórias de vida, gostos muito particulares, entendeu como quis o destino de cada personagem.
Num elenco absolutamente homogêneo, seria injusto destacar um ou outro ator. Entretanto, o antagonista vivido por Fábio Assunção, sintetiza o excelente trabalho de composição dos envolvidos.
Depois das vivências vitoriosas, a dupla de autores agora pode entrar no seleto grupo de autores da novela das nove, o supra sumo dos dramaturgos. Torço para que isso ocorra logo e que eles nos surpreendam mais uma vez.
Vale dizer que o horário das 23 horas permite ousadias. Já o “horário nobre” é menos complacente. A conferir.