O Outro Lado do Paraíso começou mal na audiência. Uma reviravolta na trama, alavancou os índices em 10 pontos médios, tornando-a a mais bem sucedida desde Avenida Brasil.
Sucesso, neste caso, está muito longe de significar qualidade. Assim como o futebol e a política, a novela nos representa, o que me faz pensar que o público pode estar propenso a gostar de coias ruins.
Walcyr Carrasco sabe fazer sucessos. Desde que estreou na Globo, apenas A Padroeira e Sete Pecados não fizeram sucesso estrondoso. O novelista oferece exatamente o que o telespectador médio e conservador quer ver.
O Outro Lado do Paraíso tinha a promessa de tratar de temas importantes. Estavam na sinopse assuntos como pedofilia, nanismo, prostituição, corrupção, homossexualidade enrustida.
Embora houvesse a intensão de provocar discussões importantes, tudo virou motivo de riso fácil e constrangimento. Em muitos momentos, tínhamos a sensação de estar assistindo aos piores momentos do falecido Zorra Total.
Este sucesso do horário nobre talvez se justifique por duas razões. A primeira delas é a preguiça do público, que chega em casa cansado, vê o noticiário ruim e espera algo para relaxar.
A outra razão pode ser o desejo de vingança que todos temos, em dias que a corrupção e o malfazer estão todos os dias na nossa cara.
Com a saga da heroína vingativa, Clara (Bianca Bin), – mesmo mote da novela de João Emanuel Carneiro – em uma semana a trama saltou dez pontos na medição do Ibope e, desde então, vem batendo recorde atrás de recorde.
A três semanas do final, são inúmeros os absurdos mostrados ao longo desses quase oito meses. Preconceito, irresponsabilidade, coerência passaram longe dos escritos de Walcyr Carrasco.
Pobres Fernanda Montenegro, Lima Duarte, Marieta Severo, Gloria Pires, Nathália Timberg. Com o currículo que possuem, se viram obrigadas a encarnar os piores personagens de suas carreiras.