Lealdade é a qualidade, ação ou procedimento de quem é leal. Leal é a pessoa sincera, franca e honesta. Fiel aos seus compromissos. Para o escritor André Comte-Sponville, a fidelidade é a virtude do mesmo, pela qual o mesmo existe ou resiste. O autor questiona porque ele manteria uma promessa de véspera quando já não é mais o mesmo hoje.
Se lealdade é ser fiel aos próprios compromissos, logo, a fidelidade precisa começar do sujeito para com ele mesmo. Montaigne explica que isso carrega o verdadeiro fundamento da identidade pessoal: “O fundamento de meu ser e de minha identidade é puramente moral: ele está na fidelidade à fé que jurei a mim mesmo. Não sou realmente o mesmo de ntem; sou o mesmo unicamente porque eu me confesso o mesmo, porque assumo um certo passado como sendo meu, e porque pretendo, no futuro, reconhecer meu compromisso presente como sempre meu”. Não há sujeito moral sem fidelidade de si para consigo, e é nisso que a fidelidade é devida.
Nesses tempos de relações fluídas e líquidas, faz-se necessário questionar e compreender o que é mais conveniente para as relações. Principalmente as que pretendem algum nível de estabilidade.
Dividir-se entre a lealdade e a fidelidade é um desafio para pessoas maduras. Para quem já compreendeu que não tem posse sobre o outro, sobre o desejo alheio. E que possui segurança suficiente para não se abalar para além de um simples ato sexual.
Talvez, o principal problema seja o vácuo que as pessoas colocam nos encontros amorosos. Unem os corpos, mas silenciam. Distanciam-se lentamente um do outro, abrem espaços para novas aventuras, novas conquistas. E, talvez de novo, sejam apenas isso. Aventuras, conquistas. Tudo passageiro. Recorrendo à lealdade, talvez consigamos ser menos hipócritas. E talvez, ainda, um pouco mais serenos e felizes. E daí ficaremos contentes.