Histeria para todo o lado, não importa a classe social. A greve dos caminhoneiros, que imobilizou o Brasil por vários dias, revelou a pior face do brasileiro: o histérico oportunista.
Num país em que há especialistas convictos sobre futebol, política, novela, ideologia, claro que não poderiam faltar os entendidos em logística e sistema modal.
Desde os anos 50, quando da posse de Juscelino Kubstichek, o país não investe na construção de ferrovias. Para valorizar a vinda das montadoras internacionais, JK passou a privilegiar a construção de rodovias.
Nenhum outro político que o sucedeu teve preocupação e atitude política para reverter este quadro. O que percebemos com a mais recente greve dos caminhoneiros é que o Brasil anda sobre as rodas dos caminhões. Todos os setores da economia dependem do transporte rodoviário.
Depois de mais de uma semana parados, a histeria só foi aumentando. As pessoas foram revelando seu pior lado na busca por combustível.
Mesmo sendo jornalista, preciso reconhecer que os profissionais da imprensa têm colaborado bastante para aumentar este clima de histeria Brasil afora. Reportagens sem contextualização – como a falta de insulina na cidade de Araxá, Minas gerais – fazem com que o telespectador mais afoito entre em desespero.
O vídeo de pessoas brigando num posto, todas com galões para armazenar combustível, revela a barbárie em que estamos vivendo.
Embora reclamemos dos nossos políticos, situações como estas provocadas pela greve mostram que eles são, sim, a nossa mais legítima representação.
O que podemos pensar de uma pessoa que vende o litro da gasolina a R$ 10,00? E o que esperar de quem paga este valor? O que dizer da busca desenfreada por produtos nos supermercados? Se o tomate está com preço extorsivo, alguém vai morrer por ficar sem?
Um país melhor e mais justo se faz com pessoas melhores. Gente que não se aproveita de situações para se dar bem. A mudança começa de dentro para fora, de cada um para todos.