Gretchen reinou absoluta quando o assunto era rebolado. Numa época em que não havia internet, ela fez e aconteceu. E eu sou seu fã desde sempre.
Eu tinha cinco ou seis anos quando o meu pai fez o convite e um pedido. Ele iria me levar a um show, mas eu não poderia contar nada à mãe.
Estabeleceu-se ali um segredo que só foi revelado depois que ele morreu.
A apresentação seria em Londrina, na Exposição Agropecuária, uma das mais importantes do setor no Brasil.
Só quando ela entrou no palco, poderosa como ninguém, eu entendi o que estava acontecendo. Eu realizava o sonho de ver ao vivo a cantora que liderava as paradas musicais das rádios AM.
“Conga la conga”, “Melô do Piripipi”, “Freak le bumbum” ficaram semanas como as mais pedidas na Rádio Cultura de Rolândia, nas rádios Atalaia e Paiquerê, de Londrina.
Com um maiô branco e uma saia curtíssima, levou os homens ao delírio. E havia gente no Parque de Exposições Ney Braga.
Demorou muitos anos para eu entender a razão do pedido de segredo do meu pai.
Evangélicos que éramos, nossa presença ali era inadmissível. Se acrescentarmos o ciúmes de minhã, está justificado o pacto de silêncio.
O tempo passou e sem entrar no mérito da forma, Gretchen soube “estar na mídia”.
O destino deu uma ajuda com a transsexualidade de Thammy, a internet transformou-a em “cult”.
Admito que não tive coragem de assistir à filmografia pornô estrelada por ela.
Não queria macular a imagem de uma das grandes campeãs do “Qual é a música?”, quadro de sucesso do Programa Silvio Santos.
A mais recente incursão da rainha do rebolado foi a participação no show de Katy Perry. Por conta dessas facilidades contemporâneas, a internet aproximou-as.
Houve quem torcesse o nariz, mas pelo menos um encontro rolou, miga sua louca.
Guardo essa história com carinho. Pelo meu pai e por ela.