Onde ir, com quem ir, como ir, por que ir. Passamos o dia tomando decisões. A roupa que vamos usar, o trabalho, os amigos, o lazer. Tudo envolve uma escolha. Se por um lado ela é livre, certa é a consequência.
“Para onde vão os trens, meu pai? Para Mahal, Tamí, para Camirí, espaços no mapa, e depois o pai ria: também para lugar algum meu filho, tu podes ir e ainda que se mova o trem, tu não te moves de ti.” Os versos de Hilda Hilst, publicados na obra ‘Com os Meus Olhos de Cão’ nos colocam em contato com uma autora absolutamente madura, orquestrando com vigor todos os domínios técnicos da escrita.
Como já se sugeriu, a prosa de Hilda é poética, o que se evidencia em qualquer fragmento do texto, que mistura poemas, diálogos e prosa propriamente dita.
Retomando recursos anteriormente já experimentados, a autora também multiplica os narradores, tornando ambíguos os enunciadores e criando relações fantasmáticas entre eles, podendo inclusive se replicar em diversos alter egos.
O leitor tem que estar atento, pois a passagem de um narrador para outro ou entre presente e passado não é efetuada por procedimentos óbvios da prosa, cabendo ir desmontando, frase após frase, os enunciadores
Além de ser uma de minhas autoras favoritas, Hilda Hislt caiu como uma luva neste vídeo de estreia do Conta pro Tio. Não importa o lugar onde estamos. Nossa essência permanecerá a mesma, embora sempre de forma diferente. A mudança é a única constante.
Como diria Heráclito, de Éfeso, não se entra no mesmo lago duas vezes. Assim, a cada momento que você visualizar o vídeo ou ler este post, eu não serei o mesmo. E você também não. Por isso temos o livre arbítrio. Escolhemos todos os momentos, até na impermanência, e respondemos por cada escolha.