A Força do Querer é a melhor novela do horário nobre dos últimos anos. Tanto que a audiência só aumenta e a trama é assunto em todas as rodas e redes sociais. Depois das muitas críticas – justíssimas, registre-se – contra Salve Jorge, Glória Perez está, sem dúvida alguma, no auge da maturidade como novelista.
Ela conseguiu criar uma trama saborosa, bem cuidada, com personagens cativantes e devolvendo ao telespectador o grande prazer de ficar em frente à televisão por tantos meses.
Para mim, são cinco as principais razões deste grande sucesso. A novela já atingiu 38 pontos de média em São Paulo, número que a Globo sonha alcançar há tempos, mas que raramente ocorria. Vamos a eles:
01) Elenco reduzido. Não são mais que 40 personagens e todos dialogam entre si de alguma forma. Isso dá espaço para os atores brilharem e terem bons momentos durante os quase oito meses da novela.
02) Rodízio de protagonistas. São seis casas que se revezam na condução do folhetim. Depois da trajetória rumo ao crime de Bibi, vivida pela Juliana Paes, o momento agora é de Maria Fernanda Cândido. Joyce, a mulher traída, está no auge de uma separação tumultuada. São grandes os momentos dela, de Dan Stulbach e da vilã Irene, vivida por Débora Falabella.
03) Trama bem amarrada. Este item complementa o primeiro. Ao invés de buscar inspiração em outros países, a Glória Perez foi ao interior do Brasil, mais precisamente no Pará. De lá vieram as fantasias envolvendo o boto e as sereias, além do carimbó. E todos os personagens em algum momento vão se cruzar.
04) Excelentes coadjuvantes. Elisângela, sem dúvida, é o melhor destaque como a mãe que vê a filha, Bibi, afundar-se no crime de maneira cega e apaixonada. A atriz tem oferecido excelentes momentos ao público. Impossível não citar Zezé Polessa com a espalhafatosa Ednalva, bem como as duas empregadas, a Zu, de Cláudia Mello, e a Dita, de Karla Karenina.
05) Direção segura e sensível. Rogério Gomes e equipe sabem criar tensão, momentos de ternura, expectativa. Trilha sonora e belas imagens compõem o trabalho. As contraposições de Ivana (Carol Duarte) e Nonato (Silvero Pereira) quando o assunto é identidade de gênero, são tão verdadeiras – e didáticas – criando verdadeira empatia com o público.
Eu não perco um capítulo. E você?