Ivana finalmente contou à família que é transgênero. O capítulo de 29/08 entra para a história da telenovela brasileira. Glória Perez soube preparar o público para este momento e tudo funcionou perfeitamente.
Texto, direção e, principalmente, a entrega e competência da maioria dos atores envolvidos na cena. Carol Duarte revelou-se uma aposta acertada e conseguiu chamar para si toda a dor e sofrimento do homem que vivia escondido dentro de Ivana. Maria Fernanda Cândido e Dan Stulbach também tiveram momentos ótimos, mostrando-se entre o perdido e o decepcionado com a revelação. Somente Fiuk destoou, mas a má interpretação dele colaboração para enfatizar o quão cretino é Ruy, o irmão de Ivana, agora Ivan.
Dados prévios apontam que a novela teve média de 42 pontos em São Paulo. Não posso afirmar se foi recorde, mas é um número mais do que respeitável para os padrões atuais da televisão aberta.
Toda a temática abordada por Glória Perez na novela das nove faz parte de um projeto maior da Rede Globo. Desde o começo do ano, a emissora carioca tem falado sobre o respeito. Antes da estreia, uma séria de reportagens no Fantástico trouxe a realidade para as casas brasileiras.
As cenas de ontem, sem dúvida, ficarão para sempre lembradas na história da televisão brasileira. O público acompanhava e sofria com as dores daquele homem aprisionado, aquela “roupa” que não cabia no corpo, como bem gritou Ivana.
Decepção, culpa, apoio, compreensão, acolhimento, amor. Todos esses sentimentos afloraram. Emocionante o pedido de desculpas, a tentativa de se justificar por não atender às expectativas dos pais. Ao cortar os cabelos, morreu a princesa da mamãe para surgir um homem, o Ivan.
Fazia tempo que eu não me emocionava tanto com uma novela. Chorei em vários momentos porque me identifiquei com as dores de todos os envolvidos. Com certeza, enfrentar os pais foi mais fácil do que a si mesmo. É isso que sentem aqueles que descobrem desejos, gêneros e identidades sexuais diferentes do padrão normatizador.
