Dom Casmurro é uma das principais obras da literatura brasileira de todos os tempos. Machado de Assis criou um romance intrincado que até hoje deixa dúvidas sobre a traição ou não de Capitu.
Eu gravei este vídeo a pedido do Lucas Correa. Ele participa de uma comunidade no Facebook e tem um blog que fala da “eterna” questão que envolve a obra machadiana. Particularmente, acho fantástico este tipo de iniciativa. É alvissareiro saber que uma obra tão importante continua provocando paixões e debates.
A obra faz parte do Realismo, escola literária do final do século XIX. Há quem aponte que Dom faz parte da trilogia realista, precedida por Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881) e Quincas Borba (1891). O romance foi escrito usando muitas figuras de linguagem, com destaque para a ironia e intertextualidade. Há referências, também, à obra de Schopenhauer e à peça Otelo, escrita pelo mais importante dramaturgo britânico, William Shakespeare.
A narrativa é conduzida por Bento Santiago, o Bentinho, numa incansável paranoia sobre a fidelidade de Capitu. É o ciúme o principal mote do enredo.
Leitura obrigatória no Ensino Médio, até hoje persiste a dúvida se de fato a traição se consumou. Li o livro em três ocasiões e em diferentes idades. E, na minha modesta avaliação, Capitu não cometeu o adultério. “Os olhos de ressaca, como os de uma cigana oblíqua e dissimulada…” dão a dimensão exata da força descritiva do nosso maior escritor. Não à toa é considerada a obra de Machado.
São muitas os estudos, as dissertações de mestrados, as teses de doutorado que tentam esmiuçar as entranhas da personalidade do casal protagonista. A moral e a ética – ou mesmo a falta delas – da sociedade daquele final de século, perpassam todo o folhetim. Não há caminho melhor para decifrar este enigma do que ler e reler Dom Casmurro quantas vezes forem necessárias.