Casamento abusivo, em que a mulher é vítima de violência do próprio marido, é mais comum do que mostra a nova novela das 21 horas da Globo.
Os números são alarmantes e não deixam dúvidas que o autor de O Outro Lado do Paraíso, Walcyr Carrasco, não está usando nenhuma “licença poética”. O casal protagonista, vivido por Bianca Bin e Sérgio Guizé, é um retrato muito próximo do que ocorre na vida real.
De acordo com esta reportagem da Folha de S. Paulo, ocorrem 135 estupros por dia no Brasil. Isso significa que a cada cinco horas e meia, uma mulher é violentada. Pior: a cada 24 horas, uma mulher é assassinada.
Ou seja: a cada duas horas. Ainda: se você tem uma jornada de trabalho de oito horas, do momento que você inicia as atividades até encerrar as tarefas, quatro mulheres foram mortas.
Contra fatos não há argumentos. Impossível ficar indiferente à realidade.
O amor, sempre ele, parece ser a pior máscara da violência. Por carência, ou qualquer outro sentimento que não conseguimos decifrar, as mulheres, principalmente, se submetem às relações violentas.
Não tem como avaliar que existe alguma característica doentia em relacionamentos violentos. Apaixonadas, parece haver uma cegueira por grande parte das mulheres para aceitarem serem subjugadas.
Como é possível aceitar a violência, o descaso, a agressão – seja física ou psicológica – como algo comum? Como se fosse o jeito da pessoa?
Durante muito tempo se disse que “em briga de marido e mulher não se mete a colher”. O ditado popular é um exemplo inequívoco da omissão a que tendemos.
Não se pode calar ao ver uma mulher ser desrespeitada na sua própria condição. Impossível compactuar com agressões, desrespeito, intolerância, violência sob qualquer prisma. Se ela está envolvida em um casamento abusivo, é preciso gritar.
As mulheres, em especial, mais vulneráveis fisicamente precisam de apoio e proteção. Ainda mais se isso ocorrer dentro de um casamento.
Basta de agressão e abuso.