A primeira cena de sexo gay em uma novela. Foram necessários 66 anos para que a televisão brasileira mostrasse uma cena de sexo entre dois homens. O pioneirismo coube à novela das 23 horas, Liberdade Liberdade, exibida pela Rede Globo. A cena é uma quebra de tabu e mostra que a emissora dá alguns passos em busca da diversidade e do respeito às diferenças. A cena entre os atores Caio Blat e Ricardo Pereira repercutiu muito. E a Globo pretende lançar a partir do próximo dia 29, uma campanha em defesa das minorias.
Na trama, André (Caio Blat) é um nobre que se apaixona pelo Coronel Tolentino (Ricardo Pereira), um homem embrutecido. A amizade entre os dois é construída nas delicadezas propiciadas pela bebida. Do primeiro contato à conjunção carnal, foram muitas e muitas doses de vinho.
A cena foi absolutamente delicada e totalmente dentro do contexto. Muito bem dirigida, insinuou mais do que mostrou. E talvez resida aí o seu grande mérito.
Na Rede Globo, coube a Walcyr Carrasco o pioneirismo de mostrar dois homens se beijando. No final de Amor à Vida, Félix (Mateus Solano) e Nico (Thiago Fragoso) encenaram o final feliz com um singelo “selinho”. Depois, Em Família, de Manoel Carlos, mostrou as personagens de Giovana Antonelli e Tainá Muller em várias cenas de carinho. Em Babilônia, de Gilberto Braga, Ricardo Linhares e João Ximenes Braga, Fernanda Montenegro e Nathália Thimberg não tiveram a mesma acolhida. Houve rejeição do público ao romance entre as duas senhoras.
Na Argentina, telenovelas ousaram mais que as nossas tramas. Mas a proposta de Mário Teixeira, o autor de Liberdade Liberdade, veio na hora certa. Depois das 23 horas, não há que se temer algumas ousadias. É um primeiro passo, certamente. Até porque, se as novelas pretendem de alguma forma retratar o cotidiano das pessoas, não será possível ignorar o desejo entre pessoas do mesmo sexo.