Bengalas humanas são a prova de que nascemos, vivemos e morremos só. No meio do caminho, encontramos um apoio ou outro. A expressão título deste post foi-me dita por uma senhora que conheci em Florianópolis, a dona Guiomar. Numa conversa trivial, começamos a falar da impermanência. De que a única certeza que temos nesta vida é que absolutamente tudo está em movimento, em constante mudança.
O Centro de Estudos Budistas Bodisatva, o CEBB, traz aqui uma explicação perfeita sobre o tema. Na essência de tudo, o texto conclui que “então, quando nós somos derrotados, temos uma sensação de derrota por um tempo, mas essa sensação de derrota é inútil, porque a essência de nós mesmos é a capacidade de criarmos coisas positivas. Então a gente se levanta da derrota, esquece a derrota, aprende e esquece a circunstância anterior. Precisamos da capacidade de recriar o mundo, de reconstruir as coisas numa direção melhor. Essa oportunidade nós sempre temos. Está sempre disponível.”
Como falei neste vídeo aqui, durante a nossa caminhada, sempre haverá alguém para segurar a nossa mão. Porém, a presença deste apoio é transitório. Para evitar o sofrimento, um caminho é olhar e aceitar nossa incapacidade diante da força do tempo. Esta resignação, ao contrário do que possa parecer, torna-nos mais fortes.
Quando reconhecemos a efemeridade de tudo aquilo que nos cerca, distanciamo-nos do apego, da dor. Talvez este seja o melhor caminho para encontrarmos a solitude, aquele estado de serenidade diante da solidão. Tenho um amigo que possui uma frase, na cabeceira da cama, que diz “se estou comigo, ninguém poderá me abandonar”. É apego que nos aprisiona e nos traz, por consequência, o sofrimento. Ao olhar o outro como apenas um companheiro de jornada, quando ele se for – não importa a razão – não sentiremos o vazio, muito menos a necessidade de apoiar-se no outro.